O deputado federal Marcelo Ramos (PL) afirmou que não existe precedente de impeachment de governador e do vice na História do Brasil. Em entrevista ao ATUAL nesta quarta-feira, 22, Ramos criticou a disputa de poder entre o Governo e a Assembleia Legislativa o que, segundo ele, provoca uma instabilidade política em meio à pandemia do coronavírus. Ele também disse que a crise por que passa Wilson Lima (PSC) resulta de sua inexperiência política.
Segundo Marcelo Ramos, nunca houve no Brasil impeachment do governador e vice simultaneamente. “Impeachment de governador e do vice não existe precedente na história do país. Ainda mais os dois no mesmo processo apreciado e julgado pela mesma comissão. Então, isso não tem precedentes. Não conheço efetivamente, o que ouvi foi diálogo, estou muito fora da política aqui. Mas eu acho que não vale a pena gerar instabilidade agora”, afirmou.
“O perigo é as pessoas perceberem o quanto é insignificante o Poder Legislativo. E isso está errado, é preciso restabelecer o diálogo, cumprir as regras democráticas
Para o deputado, com a pandemia de Covid-19 é preciso que os poderes unam forças para resolver as prioridades e após a crise sanitária discutam o assunto. “Eu não posso permitir que no meio de uma pandemia, no meio de uma grave crise sanitária como o Amazonas viveu, os agentes políticos, sejam quais forem, gastem toda a sua energia numa disputa de poder, quando o estado precisa de união para enfrentar o desafio da pandemia”, disse.
Ramos citou como exemplo as suas diferenças com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. “Vocês sabem o nível das minhas diferenças com o prefeito de Manaus, que são muito maiores do que com o governador, absurdamente maiores. Porque a eleição de 2016 foi muito dura. O prefeito ultrapassou alguns limites na disputa eleitoral de 2016. Mas quando iniciou a pandemia, a primeira coisa que fiz foi ligar para ele: ‘Prefeito Arthur, estou lhe ligando para dizer que está tudo em quarentena’ e que eu estou aqui à sua disposição’”.
Segundo o parlamentar, esse tipo de atitude não significa que o agente político se tornou um aliado. “É essa atitude que eu peço de quem tem conflito com o governador. Não é se aliar. Eu virei aliado do prefeito Arthur? Não virei. Mas eu não posso num período de crise atrapalhar mais ainda quem tem a responsabilidade de diminuir a dor e o sofrimento do povo do Amazonas”, disse.
Assembleia
Ramos chamou a atenção para o período em que a pauta da Assembleia Legislativa do Amazonas está parada e como, apesar disso, não teve impacto negativo na vida da população. “A pauta da Assembleia está trancada há quanto tempo? A pauta da Assembleia está trancada acho que mais de um mês. Não mudou nada na vida das pessoas. O perigo é as pessoas perceberem o quanto é insignificante o Poder Legislativo. E isso está errado, é preciso restabelecer o diálogo, cumprir as regras democráticas”, alertou.
Inexperiência
Para Ramos, a crise que Lima está passando no governo era esperada devido à sua inexperiência. “Eu acho que o governador peca muito e não tenho nenhum problema em dizer isso por um motivo simples: pela inexperiência dele. O governador nunca tinha administrado nada, aí ele acordou um dia e tinha que cuidar da vida de 4 milhões de pessoas e de R$ 19 bilhões de orçamento, não tem como isso começar dando certo”, afirmou.
Porém, o parlamentar relembra que a escolha foi da maioria da população. “Agora, foi uma aposta que o povo do Amazonas fez. Eu fiz campanha na outra coligação. Eu fiz inclusive um discurso no segundo turno alertando para isso. Agora, o governador está legitimamente eleito pela vontade da maioria do povo, acho que tem uma oposição legítima, democrática dentro da Assembleia. Agora, não cabe aos deputados federais e senadores num momento de dificuldades como esse acirrar a crise”, disse.