Desde que aconteceu o assassinato do engenheiro elétrico Flávio Rodrigues dos Santos, de 42 anos, que se fala em busca pela verdade. Mas que busca pela verdade é essa quando o laudo pericial da Polícia Técnico-Científica do Amazonas aparece um ano depois do crime? Por onde andava esse laudo? Será que só conseguiram concluí-lo um ano depois? Vai ver que sim, já que o Laudo da Perícia do Instituto de Criminalística do Amazonas está datado de 19 de outubro de 2020. (ver laudo no final do texto)
Coincidentemente – será meu povo? – durante um ano Alejandro Valeiko Molina, filho da primeira-dama do município, Elizabeth Valeiko Ribeiro e enteado do prefeito Arthur Neto foi defenestrado publicamente, num enredo que estava mais para folhetim político do que policial. Foi visível o uso político do bárbaro assassinato de Flávio, mesmo com o discurso generalizado de “busca pela verdade”. E tem gente que inescrupulosamente continua usando o caso, desta vez para ataques eleitorais.
Mas, um ano depois, as conclusões que estão no laudo da perícia inocentam Alejandro Valeiko. E agora, será que vão desqualificar até mesmo um trabalho científico do Instituto de Criminalística do Amazonas?
E o laudo não apresenta investigações superficiais e conclusões vagas. O laudo traz, com riqueza de detalhes, as investigações do crime, perícia na residência de Alejandro Valeiko e no local onde foi encontrado o corpo, depoimentos dos envolvidos no caso, incluindo vestígios materiais do crime, como exames de DNA nas roupas e no carro usado para levar a vítima, análise de dados dos celulares e registros de câmeras do condomínio de onde Flávio Rodrigues teria sido levado.
O laudo pericial traz, por exemplo, o resultado do Exame de Corpo de Delito feito na cabeça de Alejandro Valeiko e confirmação de que ele sofreu um golpe – “sofreu ferida na região parietal direita que foi tratada com fios de sutura”. Também há confirmação do DNA de Flávio no carro usado pelo ex-soldado do Exército e lutador de MMA, Mayc Parede e o PM Elizeu da Paz que assumiram serem os autores do assassinato.
Nas roupas de Flávio, que estavam no matagal onde o corpo foi encontrado, exames determinaram o DNA do assassino confesso Mayc Parede. Os peritos apontam concordância nos depoimentos sobre a invasão da casa de Alejandro Valeiko por Mayc e Da Paz, como são conhecidos.
Os dois disseram em depoimento que invadiram a festa na casa de Alejandro para “tentar dar um susto” e deram a entender que a situação saiu do controle quando houve luta corporal com Flévio. Mayc e Da Paz teriam retirado Flávio da casa ainda vivo, o que também fica comprovado no laudo pericial com a análise de ferimentos do corpo da vítima que teriam ocorrido no local onde o corpo foi encontrado, antes de sua morte.
Mas apesar do trabalho científico do Instituto de Criminalística do Estado mostrar claramente como aconteceu o crime e a participação ou não de cada um dos envolvidos, tem gente que vai continuar fazendo seu próprio julgamento, sendo juiz e carrasco ao mesmo tempo porque satisfaz seus próprios interesses onde o que menos importa é a busca pela verdade.