Para quem não se recorda o portal vai lembrar neste TBT que em 2019, um relatório da PF de mais de 300 páginas, construído a partir de interceptações telefônicas e mensagens de celulares apreendidos, divulgado em reportagem do UOL, diz que há “fortes indícios” de que o senador Omar Aziz, atual presidente da CPI da Covid, e familiares tenham recebido vantagens indevidas pagas com verba da saúde do Amazonas.
De acordo com a reportagem, as vantagens eram: mesada de R$ 500 mil para Omar; pagamento de contas do apartamento do senador em Brasília; repasses a três irmãos e à mulher de Omar, Nejmi Aziz; viagens em aeronaves particulares bancadas por Moustafa; consultas médicas para a mãe do senador em unidades de saúde de luxo; um relógio de R$ 36 mil da marca Cartier como presente de aniversário para o senador; pagamentos avulsos que variavam de R$ 2.000 a R$ 250 mil.
Em uma das conversas analisadas pela PF, o médico Mouhamad Moustafa, preso durante a operação Maus Caminhos que aconteceu em 2016 e apontado como chefe do esquema de corrupção, pede a um funcionário que compre um relógio para dar de presente ao senador. E o funcionário, identificado como Antonio, responde com uma foto do relógio a ser comprado.
Vale lembrar que naquele ano a atual deputada estadual, Nejmi Aziz (PSD), que é esposa de Omar, e três irmãos do politico foram presa na quinta fase da Operação Maus Caminhos, chamada Operação ‘Vertex’ que investiga a prática de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa que desviou cerca de de R$ 260 milhões da saúde pública do Amazonas.
Em nota enviada ao UOL, na época, assessoria de comunicação do senador Omar Aziz afirmou que não há nos autos do inquérito qualquer indício que seja “de materialidade capaz de sustentar esse indiciamento”. “Caso esse assunto venha a ser debatido em processo, com direito ao contraditório e ampla defesa, ficará comprovada a insubsistência facto jurídica tanto do relatório quanto do indiciamento”, diz trecho da nota.
Investigação
Relatório parcial da Polícia Federal, o da Operação Vertex, um desdobramento da Maus Caminhos, cita o nome de Omar Aziz 256 vezes em 257 páginas.
Um dos trechos diz que “os indícios da atuação de OMAR AZIZ para a criação e manutenção da organização criminosa formada em torno do Instituto Novos Caminhos, comandado por Mouhamad Moustafa, são robustos e permeiam toda a investigação”.
Em outro, destaca-se o trecho em que uma colaboradora dos investigadores aponta que o senador recebia propina: “XXXX diz que, após o início das atividades da OS, o valor que deveria ser entregue a OMAR AZIZ era de 500 mil reais. Esse valor era entregue toda vez que a OS ia recebendo do Estado do Amazonas e que os valores eram entregues de forma fracionada. XXXX já realizou entrega de parte do valor destinado a OMAR. AZIZ para funcionários do Senador.”
Os autos chegaram a ser encaminhados para o Supremo Tribunal Federal em razão do fato de Aziz ser senador, mas o novo entendimento da corte sobre foro privilegiado fez com que, em junho de 2018, retornassem ao Amazonas. A investigação contra o senador atualmente está na Justiça Federal do Amazonas.
Ainda não há decisão da Justiça no processo.
O político está com os bens bloqueados e o passaporte retido, conforme confirmou sua defesa à CNN.